Mais um dos Prédios Históricos Largado Às Traças na cidade de Ribeirão Preto
Para aqueles que nao conseguem identificar pelo nome Palacete Albino de Camargo Neto é aquele famoso lixão na Rua Visconde de Inhaúma nº 241, é aquele mesmo, logo abaixo do Banco de Brasil da esquina da Duque de Caxias com a Visconde Inhaúma, lembrou agora? Caso não lembrou pelo endereço, tenho certeza que lembrará pela imagem, afinal de contas é uma das maiores vergonhas do centro da cidade.
Palacete Albino de Camargo Neto - Largado Às Traças
Para além de vergonhoso, é mister saber que esse limbo da história de Ribeirão Preto vai além de ser somente Largado Às Traças é também prato feito para uma pancada de problema de violência urbana. Segundo uma matéria da EPTV de 30 de novembro de 2011:
"Sem providências por parte da prefeitura, o local, caindo aos pedaços, sem vigilância e constantemente com portões abertos, transformou-se em abrigo para mendigos e usuários de droga. O acúmulo de lixo é evidente. Além disso, no endereço foram registrados estupros, como de uma mulher de 35 anos em março de 2010".
Construído no começo do século passado esse casarão demonstrava em sua arquitetura um pujança (esbanjo) da dinheirama que o café trouxe para a cidade de Ribeirão Preto.
Nesse período a após a proclamação da república principalmente o município se inflava todo entre olhares e dizeres. Ribeirão Preto sempre foi uma cidade de egos, tanto que, se orgulhava pelo suave apelido de "Petit Paris".
A Pequena Paris trouxe tudo o que pode do bom de do melhor da Europa nesse período e tudo isso pode ser visto e entendido como a nossa história se esses locais da memória não forem tratados como o lixo que você pode constatar na foto ao lado. Olhem as colunas, pra amantes da velharia, dói no fundo da alma ver isso! Além da emoção, claro, um desperdício absurdo de fonte de pesquisa.
"É muito bom lembrar que quem não sabe de onde vem, não sabe pra onde vai."
Palacete Albino de Camargo Neto - Largado Às Traças
Falar da falta de competência da administração pública não adianta nada, visto a situação, não vou nem falar, vou fazer diferente, vou convidar os leitores para a cessarem a página oficial da Secretaria de Cultura de Ribeirão Preto que deveria lidar com assunto o link tá logo abaixo da figura ao lado, olhem e me digam, como é possível o tamanho desleixo com a história? Será mesmo que em plena era digital uma administração não consegue nem sequer mostrar pro seu cidadão do que se trata um caso desses, senhores... por favor respeitem as pessoas!
Citando o famoso pensador Sergio Malandro:
"Já que é pra far sério espera aí que eu vou colocar o meu chapéu de hélice"
O prédio, ou melhor, o que sobrou dele foi tombado em 2007 pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Artístico e Cultural (CONPPAC). O nome é lindo dá até impressão que é imponente o poder do conselho sobre o caso, mas, na realidade o tal conselho, que seria a representação da sociedade civil, não serve pra nada, no fim da contas. Não há equipe técnica para nenhum tipo de avaliação sobre o patrimônio, inclusive, por esse motivo entre outros o CONPPAC é investigado inclusive pelo Ministério Público que percebe, obviamente, a falta de competência técnica não apenas nesse caso, mas em todos os outros do patrimônio da cidade.
As reuniões do CONPPAC são abertas ao público e ocorrem toda primeira terça do mês na Secretaria de Cultura, quem tiver saco pra ver a balelagem e as lutas de egos estúpidas das reuniões está convidado, a próxima tá chegando!
Sobre a responsabilidade é sempre a mesma conversa, é público ou privado? Nesse caso é privado, não que isso negue a responsabilidade da administração, mas pensando na propriedade do prédio,
Adivinha de quem é? HA HA HA a proprietaria é Maria Lúcia JUNQUEIRA Reis, na mesma reportagem citada mais acima da EPTV a tal proprietária se faz de vítima da situação alegando tentar fazer no espaça um memorial.
Caríssima Maria Lúcia, com o perdão da fala, faz alguma coisa que presta! Você sabe o que é um memorial? Você sabe o que é memória? Tomara que saiba, porque isso seria um desrespeito enorme, o prédio é seu, mas é parte de um todo, é parte da memória coletiva das pessoas da cidade de Ribeirão Preto, cidade que acolheu a sua história de sua família e assim sendo deveria ser respeitada, quer uma dica muito boa? Porque você não contrata pessoas que possam te ajudar a pensar projetos sociais para o espaço? E olha, estou falando de gente competente hein... não to falando do vizinho do primo do amigo que votou em não sei quem... estou falando de gente que pesquisa patrimônio, que estuda e muito para ter a capacidade técnica! Quem sabe não poderia aí surgir um espaço de campo pra pesquisa arqueológica urbana, por exemplo, basta saber o que se fala e o que se faz, a irresponsabilidade por deixar uma residencia as traças é sim do proprietário, afinal de contas, se um coitado do meio da favela deixar um copo com aguá parado tomará multa por causa da dengue e perceba a bomba que deixa para toda a cidade. Não sabe o que é um memorial? Te dou duas dicas:
1- visite o memorial das palmeiras e sinta-se envergonhada por não representar absolutamente porcaria nenhuma e,
2-Leia: http://books.google.com.br/books/about/On_Collective_Memory.html?id=GPhGukFWC84C&redir_esc=y, Maurice Halbwachs detalha muito bem em seu texto Memórias Coletivas, se pá cai a ficha sobre o tal memorial!
Bom, como tá na moda ultimamente bloggeiros serem visitados por assassinos, negócio muito rentável ultimamente, fico por aqui com mai um Patrimônio
Largado Às Traças!!!!
Esperam que tenham gostado de saber mais um pouquinho do que é o que é da história! Deixo mais fotos para a diversão de todos e lembro:
ATENÇÃO PESQUISADORES: FOTOS SEM LOGO PARA MOTIVOS ACADÊMICOS SÓ ENCAMINHAR O PEDIDO! ELAS TEM FONTES, FIQUEM ATENTOS!!!
Palacete Albino de Camargo Neto - Largado Às Traças
Palacete Albino de Camargo Neto - Largado Às Traças
Palacete Albino de Camargo Neto - Largado Às Traças
Palacete Albino de Camargo Neto - Largado Às Traças
Palacete Albino de Camargo Neto - Largado Às Traças
Obrigada a todos,
Elaine Caun - Historiadora
elainecaun@hotmail.com
